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Visitas especiais

Não tem como deixar passar em branco.
O pessoal que esteve na Irlanda nessa última semana com certeza presenciou momentos históricos nas ruas de Dublin.
Começando pela inapropriada visita da Rainha da Inglaterra Elizabeth II.

Rainha Elizabeth II em Dublin
Seu primeiro dia de visita foi talvez o mais conturbado, onde todo o centro da cidade estava bloqueado, algumas poucas partes com acesso depois de uma revista. A cidade parecia citiada.
Revista rigorosa na Parnell Square West
General Post Office - 80% dos policiais da Irlanda em Dublin

Claro que eu não deixaria de presenciar esse momento, mesmo com "ameaça" de bomba - 2 bombas caseiras foram desarmadas.
Eu e o Cristiano fomos na Parnell Street (minha antiga moradia era lá). Protesto ressaltando o ódio dos irlandeses aos britânicos tava rolando.


"Estados Unidos e Imperialistas Britânicos não são bem-vindos"

Protesto pacífico, até começarem a tocar garrafas de plástico contra os Gardas (polícia daqui). A confusão costuma iniciar com pequenos atos. Felizmente não foi o caso.
A rainha passa pela O'Connell street dentro de seu carro com vidros escuros. Não vi nada.
Num ato simbólico ela tenta atar as pazes com irlandeses, visitando o Memorial Garden: jardim de reconhecimento aos soldados irlandeses que morreram lutando pela independência. Interessante que eu sempre morei na frente desse jardim e nunca dei a devida importância pra ele - literalmente de frente, atravessando a rua.

Feito o ato simbólico e a rainha de volta a Casa da Presidente da Irlanda, estava aberto o acesso a algumas ruas bloqueadas. Ainda assim, tivemos que seguir um caminho quase que premeditado pela polícia pra voltar pra casa. Daí vimos a revolta dos Irlandeses ou dos famosos Knackers (que são os arruaceiros da Irlanda):
Direitos autorais  ao  fotógrafo anonimo
Garrafas de vidro, tijolos, pedaços de madeira sendo jogados contra (não mais simples policiais) uma tropa de choque. Os Knackers coloram fogo dentro de um latão de lixo e empurraram contra as autoridades. Essa confusão durou bastante, mas não houve registro de feridos.

Final UEFA Europe League
No segundo dia, as atenções estavam voltadas pra final da UEFA Europa League que aconteceria pela primeira vez em Dublin no estádio recém inaugurado: Aviva.
Mais uma vez, Cristiano e eu saímos pra ver o que tava acontecendo. Vimos o movimento das ruas, o grito das torcidas e fomos pra um pub assistir a partida Porto X Braga (2 times portugueses).
Entramos no pub e as mesas tudo ocupadas.

Um turista nos vê procurando um lugar pra sentar e diz que poderíamos sentar com ele, sem problemas. Ele era português, guia turístico, e torcedor do Benfica. Naquele dia, era torcedor do Braga. Logo vimos que não era um bom secador: Porto 1 x 0 Braga. Mas valeu o momento, aprendemos algumas palavras em português de Portugal do tipo: fora-de-jogo é impedimento, baliza é goleira, entre outros que esqueci. Mas foi engraçado. Valeu.
Representando o Inter - No dia eu era Braga
Barack Obama em Dublin
Não bastasse toda essa correria, assim que a Rainha foi embora (ficou uns quatro dias), o homem mais poderoso do planeta aterrisa em Dublin. Pela manhã, visita uma cidadezinha (Moneygall) onde seu tata(e bota tata)ravô viveu antes de migrar pros EUA.
Barack Obama faria um discurso pela tarde. Eu não ia poder assistir (ou chegaria atrasado). Trabalhava na segunda até as 15h30. Os portões abririam as 14h. Foi então que...

Na minha última semana de trabalho - já com o pagamento do mês acertado, portanto,  não ganho nem mais nem menos - minha chefe inglesa me larga essa: "tu quer ir assistir ao discurso? Pode sair mais cedo, tu vem quinta ainda. Quando que tu vai poder ver isso de novo?! Só não esquece de assinar que tu saiu na hora que tu deveria sair".
Meu outro chefe polonês fala rindo: "É melhor tu começar agora o que tu tem que fazer". 
Saio correndo e tento fazer o máximo que posso no pouco tempo que me restava. 
Feito isso chego lá as 14h30. Multidão já tava lá.

Só existia um caminho pra chegar no local do discurso. E claro, ninguém entrava sem ser revistado e escaneado pelo detector de metais, agentes da CIA e policiais da Irlanda presentes. Ninguém passava com mochila. 
Agente da Cia: " Ou tu deixa ela aí, ou tu não entra. Ninguém garante a segurança da tua mochila".
Eu tava sem, já tinham avisado antes.

Enfim passei a revista, depois de 1 hora e pouco esperando.
Cheguei e ainda encontrei um bom lugar pra ficar. Avistei o palco rodeado de placas de vidro a prova de bala. Pensei comigo mesmo: "Deve ser ali que o presidente vai discursar".
Não bastasse isso, no topo de quase todos os prédios que rodeavam o local estava pelo menos um agente. 

Duas horas de espera e vários shows anteciparam o evento principal. 
Obama estava discursando. Eu não acreditava naquele momento. De uma forma carismática incomum, e com a retórica além do normal que um político deve ter, ele discursa. Como se estivesse contando uma história. Como se estivesse conversando. Como se estivesse entre familiares. Até um irlandês gaélico ele arriscou.
Lugares que já eram rotineiros pra mim, acenderam mais uma vez aquela visão de turista. Que lugar fascinante! Na agência do Bank of Ireland - onde tenho conta - Obama discursou.
Que dias, que semana. 

Comentários

  1. Mas bah...duas personalidades mundiais em menos de uma semana é "histórico" mesmo, aproveita para te despedir de Dublin, pois está chegando a hora da viagem, nos vemos em Lisboa, até lá.

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